sábado, 26 de enero de 2013

Mov. Familiar Cristiano. Reflexión de Helio Amorim

Os sacramentos divinos (I)
Helio Amorim*


Sacramentos divinos são incontáveis. Tudo o que nos faz sentir a presença de Deus na história humana é sacramento. Mas a Igreja privilegia alguns muito especiais e os celebra com ritos plenos de significado. Esses sacramentos correspondem às realidades humanas mais marcantes referidas a Deus. Nem sempre a essência humanizadora desses sacramentos, o seu significado mais profundo e os compromissos deles decorrentes são bem compreendidos por muitos cristãos.
Também nem sempre os ritos com que são celebrados contribuem para essa compreensão. Nessa matéria, a linguagem e conceitos usados na catequese continuam falhos e inadequados, ainda muito presos a categorias superadas pelas concepções e conhecimentos próprios do mundo moderno. Vêm sendo profundamente revistos, embora lentamente, com uma saudável preocupação pedagógica: os ritos colaborando com uma catequese mais adulta, superando reações conservadoras. Estes são os sacramentos mais marcantes na vida do cristão.

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Batismo: por definição, é a acolhida de uma pessoa por uma comunidade. Jesus foi batizado por João Batista, como sinal de sua acolhida pelo grupo dos que o seguiam. Usa-se a mesma palavra para o rito de acolhida dos novos membros de qualquer grupo social. O piloto que participa da primeira missão de combate dirá que teve o seu batismo de fogo e é acolhido pelos veteranos como integrante do seu grupo.



Para os cristãos, o batismo é o rito que marca a acolhida dessa pessoa pela comunidade dos que aderiram ao projeto de Deus e constituem o Seu Povo, a Igreja. Há muitos séculos, entretanto, predomina o batismo de crianças recém-nascidas.
No início do cristianismo não era assim. Só adultos, depois de uma longa catequese, eram batizados. As crianças não têm consciência do que se passa. Por isso, não se trata, na atual prática da Igreja, de um sacramento da criança mas da comunidade que a acolhe. O rito precisa da presença da comunidade cristã nesse ritual para assumir o compromisso de orientar aquela criança para uma adesão futura e adulta ao projeto de Deus. A comunidade delega aos pais e a alguns dos seus membros, chamados padrinhos, a responsabilidade mais direta e próxima, mas não se exime da corresponsabilidade coletiva pela formação da criança.
Que comunidade é essa? Os cristãos formam a comunidade daqueles que aderiram ao projeto humanizador de Deus. Mas vivem num mundo modelado pelos que não aderiram, antes se rebelaram contra o projeto de Deus, representados por Adão e Eva no relato mítico do Gênesis. Essa rejeição ao projeto de Deus, pela humanidade, constitui o pecado original assim chamado por ser a origem de todos os males do mundo. Pelo batismo, a comunidade acolhe aquela criança que se insere no seio do povo fiel ao projeto de Deus, ou seja, o povo que rejeitou o pecado original. Por isso, se dirá que o batismo preservará a criança do pecado original, não como um gesto que lava uma mancha na alma, herdada de personagens míticos, mas o cuidado pelo risco sempre latente de desvio ao projeto de Deus.
A Graça que dá eficácia ao batismo, sacramento comunitário, é oferecida por Deus à comunidade dos cristãos, especialmente aos pais e padrinhos, para que consigam ser fiéis ao compromisso por todos eles assumidos. Mais tarde, conhecendo a responsabilidade própria do ser cristão, consciente da sua missão, aquela criança do batismo prematuro de acolhida, é convidada, já adulta, a confirmar, livremente, a sua adesão ao projeto humanizador de Deus, com todas as suas consequências.
Essa confirmação ou crisma, corresponde ao batismo nas primeiras comunidades cristãs. A preparação para essa confirmação exige, portanto, uma diligência muito especial, para não se reduzir a um ritualismo inconsequente, no crismar por crismar, ou porque toda a turma da escola católica vai por aí, como prática já institucionalizada e anualmente repetida. A Graça que dará eficácia ao sacramento será derramada por Deus, como sempre gratuitamente, sobre aquele cristão que assumiu, agora conscientemente, sua missão humanizadora, como expressão de uma fé adulta.
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Reconciliação. Acontece que o cristão, por suas limitações humanas e pelas pressões sociais a que está sujeito, é frequentemente infiel aos compromissos da missão que assumiu. Afasta-se do projeto de Deus e se desumaniza ou contribui para a desumanização dos outros. Deus então o convida amorosamente para reconhecer suas limitações e restabelecer a rota que leva à plena humanização. O rito para celebrar esse retorno também tem variado, ao longo dos séculos. Durante muito tempo e até recentemente a passagem pelo confessionário em conversa com um sacerdote era a única fórmula para ser perdoado.
Hoje se entende que um encontro de reconciliação com Deus e o seu projeto também se pode realizar no íntimo da consciência e do coração de cada cristão, num ato de reconhecimento das próprias limitações e de ilimitada confiança no amor gratuito de Deus. A Graça que dá eficácia a este sacramento é oferecida por Deus ao cristão que precisa de forças para superar suas fragilidades e reforçar suas resistências às influências externas negativas que tentam afastá-lo da humanização.
*Descomplicando a fé” – Editora Paulus - (continua)

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